Dos gengibres à nação

 

Esse é um gengibre colhido em nossa horta. Ao lado dele, a flor do gengibre. Eu não sabia que gengibre era assim, até plantar um que estava brotando em minha geladeira. Quase dois anos depois, eis que ainda temos gengibres nascendo por aqui. Eu não esperava isso.

Quanta coisa aconteceu nos últimos dois anos, não é mesmo?  Infelizmente, mergulhamos em uma escuridão que poderia, em grande parte, ter sido evitada. Pergunto-me se alguém pode, como eu acabei de fazer, em relação aos gengibres, dizer que não esperava que em dois anos Bozo tivesse sido tão competente em deixar tudo nesse estado de coisas... 

Acho que não. A tragédia era anunciada.

Por que estou falando isso? 

Porque hoje (sim, só hoje), enquanto limpava a casa, ouvi o discurso do Lula na íntegra. E agora entendi plenamente o meme que colocou Bolsonaro assistindo ao discurso de Lula, com a legenda “Educação a distância”.

Que discurso, pessoas!

Não sou e nunca fui lulista. Aliás, não gosto de personalismos (exceto, talvez, na literatura) mas não reconhecer o mérito de Lula, tanto como presidente (que conseguiu, pasmem, diminuir um pouco a desigualdade social) quanto como líder político é mais do que miopia, é, sei lá, síndrome de avestruz. Não reconhecer uma liderança política como a dele não a faz deixar de ser quem é. Ou desonestidade. Diz muito sobre quem não reconhece.

Lula fez um grande discurso no qual mostrou que já tivemos um projeto de nação (palavras dele). Havia um projeto de independência. Que esse projeto tenha pontos questionáveis me parece claro, especialmente em um mundo no qual precisamos parar de queimar combustíveis fósseis, diminuir o consumo de produtos de origem animal etc., etc. Mas havia um projeto. Que tirou milhares de pessoas da pobreza extrema.

Agora não há mais nada. Mais um pouco, não falta muito, periga nem haver mais nação. Parte dela estará morta pela Covid 19, outra pelos 175 mangos, que não compram nem um botijão de gás e uma cesta básica.

Nação: agrupamento político autônomo que ocupa território com limites definidos cujos membros respeitam instituições compartidas (leis, constituição, governo) (fonte: dicionário Houaiss)

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